21 de setembro de 2016

MÁXIMO MEDEIROS

Jurandyr Navarro

Natural do município rio-grandense-do-norte de "Augusto Severo", da chamada tromba do elefante, fez os seus estudos iniciais em ambiente social modesto; continuan­do, depois, na progressiva cidade de Mossoró, deste Estado.
Desde cedo ostentou capacidade intelectual, aprendendo com relativa facilidade as disciplinas dos cursos primário e ginasial. Esse aprendizado capacitou-o a sua habi­litação ao vestibular em Medicina, na velha Faculdade do Derby, no Recife.
Esta foi a prova de fogo, como se chama, de Máximo Medeiros Filho, o potiguar de origem modesta que saiu do seu Estado para enfrentar os formidáveis desafios da Ciêcia!
E saiu bem neste primeiro teste, estágio limiar para atingir outros, no Brasil e foradele.
O vestibular enfrentado por Máximo Medeiros foi o mais difícil até então realizado em Medicina, na Mauricéia. Apenas dez por cento dos candidatos foi aprovado. E, mesmo assim, enfrentando uma Banca com Bezerra Coutinho, examinando Biologia, ele, o humilde potiguar, foi aprovado em oitavo lugar.
Daí em diante a vida de Máximo foi uma verdadeira odisseia, transpondo obstácu­los os mais difíceis, numa jornada longa, perlustrando uma estrada juncada de espi­nhos.
Sintetizamo-la, através de algumas passagens do livro intitulado: "Lembrando Máximo Medeiros Filho",do autor Carlos Ernani Rosado Soares, o seu "amigo há qua­renta anos".
Com a palavra, o erudito autor:

"O campo dos radioisótopos lhe daria o renome internacio­nal". (...) “Tinha pendor pela Matemática e a Física". (...) A lição que Máximo Medeiros nos deu em vida continua após a sua mor­te. Lição de capacidade profissional, de cultura geral; porém, mais que tudo, lição de humanidade: honestidade, caráter, bondade, simplicidade, calor humano, tudo era transmitido por sua encan­tadora personalidade que se impunha sem se fazer notar".

(...) Máximo veio para Natal, prosseguir seus estudos, e o fez de modo caracte­risticamente brilhante. Eu me lembrava de tê-lo visto em uma fotografia, dessa época, ao lado de José Eufrânio, Moacyr de Góes, Ubiratan Galvão e outros. E foi a Ubiratan que recorri, em função da amizade e parentesco afim, obtendo dele o seguinte comen­tário:
'Máximo é um gênio”.

Em 1962, conseguiu uma bolsa em Radiobiologia na Universidade da Califórnia, através da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Ficaria no Donner Laboratory of Biophisics, de setembro deste ano a junho do seguinte. Foram propostos sete candida­tos e apenas três aceitos, tendo Máximo ficado em primeiro lugar (...) Insistia em receber velhos livros do Cônego Luiz Monte, de quem era grande admirador, incluindo um que ele sabia ter existência, de Biologia, e que teria sido publicado para uso nos Seminários.( ... ) Enviava-me o Jornal Brasileiro de Medicina Nuclear onde ele tinha trabalho publicado, bem como Separata da Ata Hematológica, idem,idem. ( ... ) Em 1967 representou o Brasil em Viena, num Simpósio Internacional sobre Dinâmica de Proteínas Marcadas, e que em carta ressaltou: - 'Foi uma reunião de alto nível de "set" internacional que trabalha atualmente em D. de P. M., se você me permite falar assim. Basta dizer que estavam presentes McFarlane (inglês, considerado presentemente a maior autoridade mundial em gamaglobulina); Waterlow (um inglês extraordinário, de cachimbo na boca, daquele jeito que você bem conhece), Jeejeebhoy, indiano, autorida­de internacional em assuntos relacionados com perda proteica por via gastrointestinal..."
São tópicos, apenas, desse grande livro de Ernani Rosado que retrata o cientista Máximo Medeiros, seu amigo e nosso conterrâneo, para orgulho do Rio Grande do Norte.
Ernani Rosado, para quem não sabe, é um dos valores mais destacados da Medi­cina Brasileira, sendo Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; autor do Tra­balho, dentre outros, "Pós-operatório sem Antibioticoterapia Profilática".
O Doutor Ernani Rosado foi aprovado em primeiro lugar no vestibular de Medicina, sendo o melhor aluno da sua Turma e escolhido o seu Orador, na sua Diplomação como Médico, em Recife.
Ele e Vingt-Un Rosado são os dois biógrafos do cientista Máximo Medeiros Filho.
Como frisou Ernani Rosado e adiante se verá nas paginas de Vingt-Un Rosado, o que imortalizou o nome de Máximo Medeiros, na Comunidade Científica Internacional, foi o de ter tomado parte integrante da Reunião, em Viena, da Agência de Energia Atômica, em outubro de 1967, aos trinta e seis anos de idade. Foi ele o único represen­tante do Brasil e um dos dois da América Latina.
A sua escolha foi feita, pessoalmente, pelo Professor Ernest Belcher, então Dire-tor daquela Agência científica internacional.
Conheci Máximo Medeiros no Recife. Foi meu contemporâneo de Universidade. Ele, fazendo Medicina, e eu, Direito. Terminamos o Curso no mesmo ano: 1956. O seu nome despontou, para nós, do Rio Grande do Norte, desde o vestibular: havia a curiosi­dade de se saber os aprovados de Natal. E Máximo estava na lista dos aprovados da famosa Faculdade do Derby, no exame vestibular mais apertado da sua história, até então.
Passou-se o tempo. No início do ano de 1980, recebo dele, uma carta atenciosa, do Rio de Janeiro, adiante transcrita, sobre um assunto científico estudado pelo Padre Luiz Monte, inserido na Antologia por mim organizada, cujo teor se vê em sequência, uma espécie de depoimento expressado por Máximo Medeiros em relação ao saber científico do mencionado sacerdote, pertinente à Fisiologia.

Mesmo tendo vivido apenas quarenta e nove anos de idade, Máximo Medeiros Filho armazenou acentuado cabedal de conhecimentos em matéria científica, galgando, pelo estudo, tenacidade e inteligência um lugar de destaque dentre os vultos Notáveis do Rio Grande do Norte.

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