24 de março de 2017

Avenida Chegança, um lugar, muitas reflexões!



Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade

Chegança

Chegança das
Andanças
Centro
Versus periferia
Caboclinhos soa ritmos
Cotidiano
Sem simulacros, vida real
Tijuana
Boa esperança, juventude
Violentada!
Crente/descrente
Cria/recria
Periferia
Versus centro
Movimentos circulares
Resistir é preciso, viver não é preciso
Diria o poeta de além-mar!!
(Luciano Capistrano)

            Em Nova Natal, existe uma avenida que pulsa “vidas”, me refiro a avenida da Chegança, lugar de sociabilidade, daquele conjunto habitacional, localizado no bairro de Lagoa Azul, região norte da cidade de Natal. Quando iniciei meu fazer pedagógico na Escola Estadual Myriam Coeli, passei a frequentar mais intensamente essa avenida, que se constitui na verdade, no centro econômico muito além do conjunto, transformou-se ao longo do tempo numa referência comercial do bairro. Falar na Chegança é dizer de um lugar a povoar o imaginário da comunidade equivalente ao relógio do Alecrim. Os moradores possuem uma relação de pertença, de memória com a avenida do comercio, da feira, do desfile de 07 de setembro, das conversas nas esquinas, dos encontros,enfim, existe uma relação afetiva da comunidade ou para além da comunidade, com a bela avenida repleta de histórias.
            O comercio de rua lembra o Alecrim, suas lojas, as calçadas com a exposição de produtos, os vendedores a oferecer aos transeuntes produtos e serviços, um corre, corre, de gente de um lado a outro, podemos até dizer, parafraseando o slogan comercial do Alecrim, “na Chegança, tudo encontra”.
            A feira de todos os domingos, exerce papel fundamental na construção da avenida da Chegança, como polo comercial, neste ponto, encontra-se mais um elo de aproximação com o bairro do Alecrim.
            Uma corrente de pequenos e médios comerciantes, a produzirem rendas e receitas, deste modo contribuindo para o erário municipal e, claro, empregando considerável contingente de mão de obra, antes obrigada a atravessar a ponte, hoje, fazendo parte dos trabalhadores do próprio bairro, não sendo necessário o deslocamento para o “outro lado’ da cidade.

Nova Natal

Dos Caboclinhos
Chegarei
A Chegança
Irei na nau catarineira
Descrita pelo mestre Deífilo
Navegarei em agitadas águas
Beberei
Da cultura popular
Onde
Jogarei a âncora
Em sua feira
Habitat de humanidade
Diversa, plural
Do Gramorezinho
A Boa Esperança
No meio do caminho
Tem uma
Nova Natal.
(Luciano Capistrano)

            Ao trazer essa reflexão, amigo velho, faço uma provocação com o objetivo de dialogarmos sobre os fazeres deste lugar da cidade, de uma importância socioeconômica a extrapolar os limites dos bairros e até das regiões administrativas, tal o volume de emprego gerado neste logradouro.
            Faz necessário pensar o desenvolvimento sustentável, olhar o pequeno comerciante, o empreendedor, desde a manicure, até o empresário do supermercado, assim, o Executivo Municipal, a Casa Legislativa do Município e todas as Instituições sociais, tem um papel preponderante na garantia de crescimento inclusivo e não excludente da economia desenvolvida na avenida da Chegança.

  O Alecrim é na Chegança

Folguedo, tradição além-mar, mouros, cristãos,
Brincantes natalinos, lembranças do Mestre Deífilo Gurgel,
Ruas nomeadas em Nova Natal a cultura popular está presente,
Sejam caboclinhos, pastoril, fandango, Araruna ou Chegança,
O morador olha a placa da esquina, consciente ou inconsciente,
Respira na fonte de Chico Santeiro, Dona Militana ... sob o dicionário de Cascudo!

Nova Natal, conjunto habitacional, erguido na década de 1980,
BNH, COHAB, famílias construídas, desconstruídas, memórias vividas,
Bairro Lagoa Azul ,Gramoré, Gramorezinho, Boa Esperança, Nordelândia,
Lugares urbanos com cheiro de rural, rio Doce resistente, testemunha atemporal.

ZPA-9, Zona de Proteção Ambiental, fauna, flora, vida,
Lugar de pura beleza, pulsar de vidas, protegida, desprotegida,
Transporte, Saúde, educação, segurança, praças sujas, abandonadas, vazias,
Agonia de gerações inteiras, construindo alternativa de vida.

O Alecrim é na Chegança, lugar de sociabilidade, encontros, desencontros,
Compra, venda, namoro, amores permitidos/proibidos, amigos, inimigos,
E domingo? Domingo é dia de feira!
(Luciano Capistrano)

            Ao finalizar este artigo, faço uma referência a questões como juventude, meio ambiente, sustentabilidade, para centrar nesta tríade e verbalizar a necessidade do município de Natal, através dos “tentáculos” da Prefeitura, sempre pautada em uma agenda de diálogo com a comunidade, possa intervir em ações solidarias e constituídas de cultura, educação, lazer, esporte, enfim, criar um leque de possibilidades para fazer das praças, das ruas, dos lugares vazios - eu diria, abandonados pelo poder público e entregues aos “ócios” geradores de violência -, espaços geradores de uma cultura de paz.

            Avenida Chegança, um lugar, muitas reflexões! Eis o convite ou a provocação deste escriba a olhar a urbe e seus desafios.   
    

2 comentários:

  1. Amei seu artigo! Como moradora do Boa Esperança me identifiquei de imediato com todos os aspectos mencionados e preciso falar da importância de reflexões como a sua, que captam a alma do lugar! Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Marcia Rejane, fico feliz com sua leitura. Sim, a ideia é fazermos o dialogo sobre a nossa cidade a partir de um olhar que vá além das margens do rio Potengi. Um abraço fraterno.

    ResponderExcluir