30 de agosto de 2017

Redinha: os caminhos de preservação da história para além da Antiga Ponte de Igapó

                                                                                                                                Foto: divulgação

Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade


Redinha II

Nostalgia ventos livres jangadas ao mar
capelinha de Nossa Senhora dos Navegantes
olha a partida, pescadores na madrugada  a navegar
ao longe se distancia da praia, vence o quebra mar
entre o céu e o mar, as ondas levam os homens a navegar!

Nostalgia  saborear uma ginga com tapioca
no mercado da Redinha na beira  mar
longe do outro lado do rio, ver a Fortaleza dos Reis Magos,
e a Ponte Newton Navarro, o antigo e o moderno a dialogar.

Ginga com tapioca de seu Januário, tradição se fez
de Dalila a dona Ivanize, põe azeite de dendê,
rala coco, salga o peixe, como é bom saborear
ginga com tapioca na beira do mar.

Nostalgia festa do caju , procissão, barcos ao mar
clube de pedras domingueiras a bailar,
Os Cão na lama se fizeram
brincantes invadem a Redinha velha
folia de Momo até o Baiacu na vara passar.

Nostalgia Redinha do rio Doce, da África
à Redinha Nova, carnavais e verões
marchinhas e as bandas de metais soprando ritmos
brasilidade pulsante, nativos e veranistas
amantes da Redinha dos meus amores.
(Luciano Capistrano)

                Minha adolescência, e, início da idade adulta, foi marcada por idas a praia da Redinha, morador do Conjunto Santa Catarina, desde sempre fui um frequentador assíduo, cheguei a pular no trapiche, guardo boas lembranças da terra de Nossa Senhora dos Navegantes. Sim, e, ainda morei naquela praia da saborosa “GINGA COM TAPIOCA”.
            A praia da Redinha tem, para o povo católico, a proteção de Nossa  Senhora dos Navegantes, padroeira e protetora dos pescadores. Em 1925, foi erguida olhando o mar, a Capelinha, no alto observa a saída e chegada dos pescadores.
            A Redinha da ginga com tapioca é uma tradição que vem de longe, desde as décadas de 1950 / 1960, com o senhor Geraldo Januário, que era marchante de peixe e fez essa iguaria, assim, passando para a família a receita até as gerações atuais:
Para começar a entendê-la, nada melhor do que prepará-la e saboreá-la. Tratar, temperar os peixes com sal, espetá-los em palitos de coqueiros, colocar um pouco de farinha de mandioca para grudar e fritá-lo em azeite de dendê. Para a tapioca, peneirar a goma, colocar sal, ralar o coco, misturá-lo à goma, colocar em frigideira, e por fim colocar o peixe dentro da tapioca, como um sanduíche. Este é o modo de preparo da ginga com tapioca, desde sua origem, e se perpetuar até hoje, conforme nos contou D. Ivanize em entrevista. (DANTAS, Rebekka Fernandes. Ginga com tapioca: de Dalila a Ivanize, das origens à atualidade. Natal: Sebo Vermelho, 2015, p. 33)

            A Redinha, tem uma ocupação que remonta ao século XVII, praia da região norte de Natal, limita-se com os bairros Potengi, Salinas e Pajuçara, e, também com o município de Extremoz. Tem ainda suas terras banhadas pelas águas do rio Doce, Potengi e o mar. Com uma população de aproximadamente 20 mil habitantes, a Redinha é um lugar de muita beleza.

Redinha

Redinha dos mares
Da capelinha
Igrejinha de pedra
Rogai Nossa Senhora
Pescadores Navegantes saem
As jangadas ao mar
Vento sopra a vela
Faz embarcação navegar
Vencer as ondas
Transpor o quebra-mar
Cotidiano de sol
Sobreviventes jogam a rede
Trazem peixes do mar
Festa do caju
Redinha clube
Saúdam os pescadores
Trabalhadores do mar
Nos dias de folga
Saborear
Ginga com tapioca
No mercado
Na barraca de dona Zefinha
Ao abrir o baú das minhas memórias
Encontro a Redinha de tantas
Histórias.
(Luciano Capistrano)

            Ao finalizar, este “curto” artigo, chamo a atenção, amigo velho, para a importância da preservação da memória deste antigo bairro Da urbe: A Redinha, como diz Câmara Cascudo, em uma de suas Acta Diurna, tem registro no mapa de Joanes de Laet, de 1633, onde já é indicado, no referido mapa, a localização de um povoado de pescadores. Este é o desafio, fazer os caminhos de preservação da história para além da Antiga Ponte de Igapó.



           



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