26 de fevereiro de 2018

A importância da mulher na cultura, esporte e música


                                                                                                              Virna Cristina

Edson Benigno

           O mês de março (dia 08) é dedicado internacionalmente à figura da mulher, transpirar lutas, obstáculos históricos para a sua auto-afirmação. Uma questão que preocupa no tocante a essa classe, cuja solução deve ser urgente, é a da violência doméstica, hoje, felizmente, denunciada com maior freqüência.  Mas elas, apesar das dificuldades enfrentadas em diversas camadas sociais, procuram realizar suas ambições pessoais e os desejos diante da sociedade. As mulheres potiguares, principalmente as que são públicas, estão cada vez mais em ascensão e vem representando vários segmentos, como por exemplo, no esporte, música e cultura.
            Algumas delas continuam em atividade realizando o seu saber, enquanto outras entraram para história do Rio Grande do Norte pelas suas conquistas e conseqüentemente seus nomes estampados nas páginas da mídia nacional. De vários exemplos, temos o caso da atleta de nível internacional como Maria Magnólia Sousa Figueiredo, que nasceu em Natal no ano de 1963 e conquistou medalhas participando de três olimpíadas. Mulher, esposa, mãe, professora, um exemplo dentro do atletismo brasileiro. Veterana de quatro Jogos Olímpicos e muitos títulos, aguerrida atleta tornou-se especialista em praticamente todas as provas de velocidade e resistência.
            Nas principais competições do país, ela conquistou títulos e bateu marcas nos 100m, 200m, 400m, 800m, 1.500m e revezamento 4 x 400m.  Ela sempre se superou em cada prova que participou, coleciona hoje recordes nacionais e sendo a primeira norte-rio-grandense a participar de uma Olimpíada. È recordista de diversas provas no Norte-Nordeste e assim como do campeonato Brasileiro Universitário de  corrida 200m, 400m e revezamento de 4 x 400m; alcançando recorde também sul-americana de 200m e revezamento de 4 x 400m ibero-americana. Participou das Olimpíadas de Seul, 1988, Barcelona, 1992, e Atlanta, 1996. De 1986 a 2000, Magnólia participou 35 vezes do Troféu Brasil, o maior evento do atletismo nacional.
            Chegou em primeiro lugar 27 vezes; em segundo, cinco vezes; em terceiro lugar, três vezes. Fez os estudos primários e secundários em escolas públicas de nossa cidade, formou-se em educação física, em 1987, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Revelou-se para o esporte aos 12 anos, quando representou o RN nos Jogos Escolares de Porto Alegre. No ano seguinte, durante as Olimpíadas de Montreal, sentiu-se profundamente identificada com o atletismo e a partir de 1977, encarou essa prática com espírito de profissionalismo. Iniciou seus treinos nas pistas de asfalto do campus
          Outra atleta potiguar que fez a história a nível nacional é Virna Cristina Dantas Dias, nascida em Natal no dia 31 de agosto de 1971, atualmente ex-jogadora de voleibol. Ela saiu da cidade cedo com 19 anos para o Rio de Janeiro e pouco tempo foi sendo atleta de grande destaque. Foi convocada pela primeira vez para a seleção brasileira adulta de voleibol feminino em 1991, a convite de Wadson Lima, então treinador da equipe. Nesta época, não costumava participar dos torneios principais, atuando apenas em competições de menor importância, e a maior parte do tempo no banco. Com a entrada do técnico Bernardo Rezende,(Bernadino) em 1993, passou a integrar o grupo de forma permanente.
             Virna esteve presente nas principais conquistas do voleibol brasileiro, tais como a medalha de ouro no Grand Prix de Campeonato Mundial, 1994, Grand Prix, 1995, (medalha de prata) Copa do Mundo, 1995,(medalha de prata) Jogos Olímpicos de Atlanta, 1996, ( medalha de bronze) Grand Prix, 1996, (medalha de ouro) Grand Prix, 1998,( medalha de ouro) Grand Prix, 1999, (medalha de prata) além de ser nesta competição a melhor jogadora, melhor atacante, que teve mais passes perfeitos  e sendo a  maior pontuadora. Conquistou ainda os seguintes títulos, Copa do Mundo, 1999,( medalha de bronze) Grand Prix, 2000, (medalha de bronze) Jogos Olímpicos de Sydney, 2000, (medalha de bronze) Copa do Mundo, 2003,( medalha de prata) Grand Prix, 2004, (medalha de ouro).
            Ela é de uma geração que incluía algumas das maiores atletas da história do esporte no Brasil, tais como Fernanda Venturini e Ana Moser. Tinha a facilidade de desempenhar funções específicas, tais como sacar ou bloquear em determinadas passagens de rede. Sua grande oportunidade de firmar na Seleção Brasileira foi em 1996, durante as Olimpíadas de Atlanta. O Brasil terminou a competição com a medalha de bronze, melhor colocação obtida até 2008, quando o Brasil obteve medalha de ouro pelo voleibol feminino em jogos olímpicos. A partir de então, Virna tornou-se titular incontestável da seleção brasileira de voleibol, e uma das suas mais importantes atletas.
      Na parte musical as mulheres potiguares mostram que também são talentosas e algumas delas figuraram por muitos anos no cenário nacional. Como é o caso de Terezinha de Meneses Cruz, (Teresina de Jesus), que nasceu em Florânia, no Rio Grande do Norte, no dia 03 de julho de 1951, mas veio logo criança para Natal. A discografia da seridoense inclui os elepês Vento Nordeste (1979), Caso de Amor (1980), Pra Incendiar Seu Coração (1981), Sotaque (1982) e Frágil Força (1983). A estréia no vinil se deu em um compacto lançado pela Funarte, em 1978, pelo projeto Vitrine.. Os CDs lançados por ela foram 20 Sucessos de Terezinha de Jesus (1997), pela Sony, e Mares Potiguares, uma produção independente datada do ano de 2002.
               Ela conta que é batizada como Terezinha mesmo, o diminutivo de Tereza. Quando começou a cantar, tinha um apelido: Tiazinha. O poeta e compositor Abel Silva achava que esse era um nome muito familiar para ser o de uma artista e sugeriu um nome artístico de Terezinha de Jesus.
Começou a cantar em Currais Novos, quando criança, no coral de colégio. Depois veio do interior para Natal, sua irmã Odaíres, já era cantora e seu marido  Mirabô, também cantava, tocava e compunha. Através deles dois recebeu um convite para fazer uma participação especial em um show o no Sesc da Cidade Alta em 1970.
                  Não voltou mais para o interior e ficou cantando aqui em Natal, onde participou de festivais de música popular nordestina. Defendeu a música de dois compositores potiguares: Ivanildo Cortez e Napoleão Veras. Com esta canção venceu os  festivais  em Natal e Recife,  perdendo apenas  em Salvador. Depois da era de festival ainda ficou em nossa cidade por mais dois anos, integrando uma turma que além dela tinha Mirabô Dantas, Márcio Tarcino, Expedito e outros. Era o Grupo Opção. Depois foram todos eles  tentar a vida musical no Rio de Janeiro. Na capital carioca, ela antes de gravar, até 1978, 1979, trabalhou como vocalista de Tim Maia, fez vários jingles, gravou com o Trio Esperança, com os Golden Boys, o Quarteto em Cy, Sempre fazendo vocal. Depois, a convite de Fagner, que estava na CBS, gravou seu primeiro elepê.
    Mas existem aquelas que ainda cantam e encantam as platéias de Natal, e outros estados e países. Entre algumas  delas,  está a  Valéria Silva de Oliveira é uma das principais artistas da música potiguar. Depois de fazer sucesso em Natal e no Japão, hoje é um nome consagrado da musica brasileira. Ela cresceu ouvindo música através de sua mãe, que gostava de Nélson Gonçalves, Orlando Silva, Agnaldo Timóteo, Ângela Maria. Mas Valéria sempre ouviu muito samba e  vê o trabalho de Clara Nunes como  inesquecível. Ouvia também Beth Carvalho, Alcione, Agepê outros sambistas. Foi assim que ela foi se familiarizando com a musica e  na adolescência começou a se  interessar em aprender violão, nas rodas familiares.
      Foi tocando junto com seus irmãos mais velhos, que surgiu o interesse em ser cantora. Começou com as famosas revistinhas de violão a pegar as músicas, sozinha. Sua mãe promovia em casa uma reunião de amigos e seresteiros que moravam no bairro de Candelária. Nesses encontros ela conheceu Martins Filho, que na época era radialista e tinha um programa chamado Show da Cidade, na Cabugi AM.  Ele convidou Valéria  para participar de um dos seus programas, que realizava às 23 horas, simulando  uma mesa de bar. Ainda de menor, abriu shows na Casa da Música Popular Brasileira, que funcionava na Praia do Meio. Ela participou do Festival do Sesc, do Festival de Candelária e depois disso a cantar em bares.
              O primeiro bar onde ela  cantou foi o Bora Bora, na estrada de Ponta Negra. Foram nos anos de  1993 e 1994 que ela começou a estudar música, mas só  em 1998 começou a  dedicar integralmente à música, a fazer shows , acompanhada  do seu  violão. Alguns anos também começou a fazer composições, isso aconteceu através de estimulo do seu produtor no Japão, Kazuo Yoshida, inicialmente em trabalhos de músicos japoneses. Gravou o CD,  “Cartas do Brasil” e lançou também “ Imbalança”. No dia 01 de fevereiro de 2012 na Casa da Ribeira, Valéria realiza o show "Em Águas Claras” para homenagear os  70 anos de nascimento da cantora mineira Clara Nunes.
       A jornalista  Rejane Cardoso Serejo Gomes é considerada uma das  melhores escritoras  do Estado, com vasto currículo desempenhado na literatura potiguar. Formada pela Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, assinou durante 07 anos uma coluna sobre cultura no semanário “Dois Pontos”. Foi a primeira presidente do Conselho Municipal de Cultura e também responsável pela implantação da Capitania das Artes. Quando presidiu a entidade apoiou o FestNatal e tem participado como jurada das amostras competitivas do Festival de Cinema e Vídeo de Natal.

            Junto com seu marido, também jornalista Vicente Serejo, possui na sua  casa  no bairro de Morro Branco uma    Biblioteca de fazer inveja, onde tem mais de 16 mil livros. Ela é neta do jornalista Eloy de Souza, no qual organizou e publicou o livro Memórias, do patrono do jornalismo potiguar. Também doou alguns de seus documentos textuais e iconográficos do seu avô ao Centro de Documentação Cultural Eloy de Souza, que está situado na  Av. Câmara Cascudo, 431- Cidade Alta. Outra obra importante é “Imortais do RN”,  fascículo para a obra Leituras Potiguar, coordenado por Rejane Cardoso. Natal: SECD-RN/Diário de Natal, 2004.

            Ela  também foi a responsável pela coordenação do projeto do livro “400 nomes de Natal” no qual foi planejado para celebrar os 400 anos da fundação da cidade de Natal. Nas suas páginas contas com  nomes ilustres da cultura potiguar como o folclorista Câmara Cascudo,  o teatrólogo Jesiel Figueiredo, poeta e crítico de cinema Berilo Wanderley. Rejane Cardoso também é  autora do livro "Erasmo Xavier, o Elógio do Delírio", publicado em 1989 pela Editora Clima. Retrata a vida do artista plástico Erasmo Xavier, nascido a 31 de outubro de  1904 em Natal.  Em sua pesquisa  sobre cartunista potiguar,  analisa  que ele era do mesmo nível de Ziraldo e Jaguar e que sua obra foi marcada profundamente pelo movimento modernista brasileiro, depois de 1922.


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